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COISAS DA VIDA

Querida Rita Lee, sempre achei que seu nome era um pseudônimo. Quem poderia ter sido registrada com um nome TÃO legal?? Sempre te achei lind...

quarta-feira, abril 27, 2011

VÔO PORQUE CANTO...

É, eu canto... e por isto vôo. Mas eu tenho problema... sempre achei que eu tinha problema, desde pequena, eu não raciocinava como as outras pessoas. Minha mãe falava para o meu pai que eu não era como as outras crianças... e eu não era mesmo. Daí eu cresci e continuei não sendo como as outras pessoas. Não consigo me deixar dominar. Não faço o que as outras pessoas querem. Simplesmente porque eu não consigo. Mas eu pago o preço. Não gosto de ficar na mão das pessoas... não gosto de dever favor para ninguém. Eu não minto. Eu fico em silêncio quando não tenho o que falar. Eu não faço fofoca. Eu ouço. Eu admito meus erros. Eu gosto de ser chamada a atenção quando eu erro porque eu quero acertar...

Ninguém manda em mim. Eu faço as coisas por amor nunca por obrigação. Se eu tiver que ser obrigada a fazer alguma coisa eu não consigo fazer. Se eu tiver que fazer algum tipo de serviço que eu não goste, eu desenvolvo um amor por aquele serviço porque não vale a pena fazer qualquer coisa que seja sem amor...

Ninguém manda em mim! Eu mando em mim! Quando eu tinha 18 anos minha mãe morreu. Meu pai estava doente com problemas cardíacos e ela foi acompanhá-lo ao Hospital e, lá chegando, não havia médico... ela teve uma parada cardíaca e morreu. Meu pai foi atendido e ela morreu. Quando eu tinha 21 anos, meu pai morreu. Quem manda em mim sou eu e há muitos anos... não sai de casa, minha família me deixou sozinha... ninguém me dá nada, não devo favor para ninguém. Se fazem por mim, faço pelos outros, faço até mais pelos outros do que fazem por mim e eu nem quero que façam nada por mim... prefiro fazer pelos outros, é mais gratificante para mim. Resolvi desde pequena que eu não iria me corromper. Eu fui educada desta maneira, gosto da verdade, gosto da sinceridade... quero a realidade.

E, a minha realidade é exatamente o que eu sempre quis. Não temos tudo na vida.

Mas, de tudo na minha vida, o que mais detesto é injustiça. E é o que mais me rodeia, principalmente onde eu trabalho e fico tanto tempo de minha vida... injustiça.

Não, hoje eu não estou bem. Mas ficarei bem com o passar do tempo porque acredito em uma força superior que tudo vê e que fará justiça se esta tiver de ser feita. Uma força que não me desampara. Vou apenas continuar em meu caminho.

É por isto que eu canto... porque cantar me faz sair do meio deste mundo cheio de falta de respeito...

Cantar

Composição : Beto Guedes e Godofredo Guedes

Se numa noite eu viesse ao clarão do luar
Cantando e aos compassos de uma canção
Te acordar
Talvez com saudade cantasses também
Relembrando aventuras passadas
Ou um passado feliz com alguém
Cantar quase sempre nos faz recordar
Sem querer
Um beijo, um sorriso, ou uma outra ventura qualquer
Cantando aos acordes do meu violão
É que mando depressa ir-se embora saudade que mora no meu coração

segunda-feira, abril 18, 2011


Palavras e pensamentos são muito poderosos. Se soubéssemos o poder que eles possuem não falaríamos e nem pensaríamos tanta besteira... e o mundo seria diferente. O silêncio é sempre melhor quando não temos nada a dizer. Mas insistimos em falar como se o silêncio fosse ruim. Permanecer em silêncio é um respeito, uma prece.

sexta-feira, abril 15, 2011

ESCUTATÓRIA (RUBEM ALVES)

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca ví anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caieiro que... não é bastante ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma. Filosofia é um monte de idéias dentro da cabeça sobre como são as coisas. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio Alberto Caieiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade...

A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de consideração... e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor...

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Vejam a semelhança...

Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio... abrindo vazios de silêncio... expulsando todas as idéias estranhas. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos... Pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir são duas possibilidades: Fiquei em silêncio só por delicadeza, na verdade não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala, Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim, tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou. Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou. E, assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso o silêncio de dentro, ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

E comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência... E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... no lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar(quem faz mergulho sabe) a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar...

Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros. A beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a  beleza da gente se juntam num contraponto.

Aquilo que o coração ama fica eterno.

Escutar é uma arte que poucos dominam.

PARA MIGUEL

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado. (Rubem Alves)

quinta-feira, abril 14, 2011

ARMANDO SENEGALHO, UM SER HUMANO EVOLUÍDO QUE ESTEVE NESTA VIDA PARA ME AJUDAR A SER MELHOR!

Eu calço é 37... meu pai me dá 36
Dói, mas no dia seguinte
Aperto o meu pé outra vez...
Eu aperto o meu pé outra vez

-Pai, eu já estou crescidinho
Pague prá ver que eu aposto
Vou escolher meu sapato
E andar do jeito que eu gosto...
E andar do jeito que eu gosto!

Por que cargas d'água você acha que
Tem o direito
De afogar tudo aquilo que eu
Sinto em meu peito
Você só vai ter o respeito
Que quer, na realidade
O dia em que você souber
Respeitar a minha vontade...
meu Pai, meu Pai

Pai já to indo embora
Quero partir sem brigar
Vou escolher meu sapato
Que não vai mais me apertar...

Meu pai era um querido. Totalmente diferente da letra desta música (que eu gosto muito e faz parte do meu repertório de rockeira), ele acreditava em mim... sempre me respeitou e me apoiou desde pequena, ele era meu amigo, meu maior amigo porque eu sabia que com ele eu poderia contar até o fim da estrada como contei, aliás. Minha mãe já era súper preocupada, ela achava que eu tinha algum problema, achava que eu era diferente das outras crianças... e ela tinha toda a razão, como excelente mãe que foi... ajudou meu pai a criar a filha dele que nasceu prematura e desenganada, ela era realmente boa. Aliás, eles nasceram com o dom de educar pessoas...

Eu gostava de carrinhos e abominava bonecas... em uma época súper preconceituosa, eu brincava com meninos de futebol, carrinho de rolemã, bicicleta, pipa, eu era completamente sem noção do perigo, totalmente avessa a regras, do contra mesmo, me arrebentava, me esfolava, um verdadeiro moleque. Minha mãe até desistiu de deixar meu cabelo crescer e cortava curtíssimo... ela ficava desesperada e meu pai simplesmente dizia "deixa a menina"... ele comprava carrinhos de plástico na feira prá mim e eu ficava felicíssima!!! Ele sempre me deu a maior força.

Meu pai, meu querido pai. Corinthiano roxo, filho de italiano, criado no Bairro de Bela Vista, adorava a Vai-Vai. Sua profissão era de Alfaiate, um grande alfaiate que amava os ternos e jaquetões que fazia com muito capricho. Cresci dentro da Oficina dele, pois depois de um tempo em sociedade com outros alfaiates, não deu certo e ele resolveu trabalhar em casa. A Alfaiataria dele era o meu quintal. Cresci brincando na máquina de costura enquanto ele estava na mesa. Ele tinha um ferro de passar a carvão que herdou de um patrão e que ele adaptou para ser elétrico. O ferro era pesadíssimo e ficava em cima de um tijolo de cerâmica vermelho e eu brincava ali. Brincava com os cavaletes dele, grandes, médios e pequenos que ele mesmo fabricava porque tinha que ser sob medida, ele fazia em madeira e depois encapava com algodão e pano para colocar os ternos e até passá-los nas partes mais difíceis. Linhas e agulhas mil. Até hoje eu tenho as linhas, dedais, agulhas... nunca precisei comprar uma linha para arrumar qualquer peça de roupa... sempre tem ali a cor que eu preciso. As tesouras então... muito grandes para minhas mãos, mas cresci recortando papel nelas e nunca me cortei. Minha mãe falava para eu não recortar papel nelas porque estragava o corte delas, mas meu pai nunca falava nada... ele deixava e eu ficava recortando. Eu mexia em tudo, ficava um tempão com ele... só saia de lá para fazer a lição de casa. Meu pai fez um balanço no corredor do quintal dos fundos, entre a escada que subia para a laje e a janela da Oficina dele que a gente chamava de "quartinho" e eu ficava ali, balançando, cantando...
Meu pai tinha um rádio amarelo (um dos primeiros rádios fabricados, herança de alguém), cresci ouvindo seus hits... Orlando Silva, que ele amava, tangos, boleros, óperas... até música classica, tudo o que tocasse na Jovem Pan AM. Depois das dez horas da noite começava um programa chamado "É Noite, Tudo Se Sabe" e eu ficava ali, não dava trégua... Minha mãe também cantava, adorava Elizete Cardoso.

A confiança era tanta que eu podia até faltar na escola, ele me perguntava e eu falava que não tinha nenhuma aula importante... ele não cobrava, não questionava. A confiança dele em mim era tão grande que eu tinha medo de decepcioná-lo... se eu tivesse oportunidade de cometer algo louco, pensava sempre nele, no olhar dele, na perplexidade dele e não fazia nada, só imaginar bastava para me deter porque tudo de mais sagrado na minha vida era a confiança e o amor que ele tinha por mim. Uma vez comecei a usar um chapeu de feltro preto e isto gerou falatório na vizinhança e falaram algo de mim para ele que não foi bom, Pois ele veio conversar comigo, me perguntou se aquilo era verdade... e o que eu respondesse não era nunca mais questionado. Ele acreditava. Nunca duvidou de mim. A nossa amizade também era muito grande, tínhamos uma ligação mesmo, uma conexão... que as pessoas conseguiam enxergar. Era notória a nossa empatia. 

E, quando comecei a gostar de Rock Pauleira, nunca ouvi meu pai falar para que eu abaixasse o volume... ele sempre me respeitou como pessoa. Fazia ele ouvir Janis Joplin, Deep Purple, AC/DC, Rush, Kiss, Pink Floyd e Led Zeppelin para ele ter uma opinião sobre Rock... heheh, e ele ouvia!! Meu pai era demais!!!

Acima de tudo, meus pais eram pessoas boas... principalmente meu pai. Ele vivia a vida dele, só opinava quando alguém solicitava a opinião dele. Cuidava de sua vida, não tinha tempo para a vida dos outros... paciente, amoroso, bom marido, companheiro, bom pai. Ele podia cobrar exemplo porque era exemplar.

A morte é definitiva. A única situação definitiva da vida. Antagônica, uma não vive sem a outra. Fatal. Certa. Amedrontadora...
Meu pai morreu quando eu tinha 21 anos. Perdi meu chão, mas voltei prá casa. Dormi sozinha na casa que era dele, pois minha mãe morreu três anos antes... ninguém me esperava ali. Solidão. Morei sozinha sem ter que sair de casa. Ele morreu em 1989 e até hoje eu sinto saudade dele. O tempo não alivia todas as coisas. Não alivia.

Apesar do pouco tempo que convivemos, para minha vida foi gratificante ser filha deles. Esta foi certamente a primeira grande sorte que tive na vida, pois além de ter tido a oportunidade de conviver com seres humanos dignos, a Educação que eles me deram foi e ainda é a grande capacitação que tive em minha vida.

sexta-feira, abril 08, 2011

MAIS CECÍLIA JUNKO POR E MAIL

DEPOIS DE ALGUM TEMPO

Depois de algum tempo de vida a gente começa a entender a diferença sutil entre dar as mãos e acorrentar uma alma. Você aprende que amar não significa depender... E que companhia nem sempre significa segurança. Você começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. Você aceita que não importa quão legal seja uma pessoa. Ela pode feri-lo ... E você precisa apreender a perdoá-la por isso. Você aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer apesar das longas distâncias. E que o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. Você aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que teve e o que aprendeu com elas do que quantos aniversários você celebrou. Você percebe que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára pra que você se recupere ou se reconstrua. Você também aprende que o tempo não volta atrás. Então... O melhor que temos a fazer é plantar o nosso jardim e decorar a nossa alma. Não dá pra esperar que alguém nos traga flores.

MRCSDS2000@, VOCÊ É IRÔNICO

Mas, afinal, o que é ser irônico?

Segundo Wikipédia, a ironia é um instrumento de literatura ou de retórica que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma coisa, com vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor.

Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura, para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posição.

quarta-feira, abril 06, 2011

MIGUEL

Quando meu filho mais novo nasceu, ele chorava muito... muito mesmo... e, como toda a mãe, eu achava que ele estava com fome. Ele mamava no peito e a gente sempre acha que o nosso leite é insuficiente, afinal, a gente não vê o leite saindo... um dia ele mamou o dia inteiro, e chorou o dia inteiro... quando o Marcos chegou, eu estava branca... não conseguia fazer nada direito em casa porque de minuto a minuto ele chorava... fiquei sem dormir direito durante três anos... descobri que o ser humano se adapta a tudo.

Ele começou a frequentar a creche de onde eu trabalho com quatro meses, não pude tirar férias. E ele chorava... chorava... chorava, ficava nervoso. Eu trabalhava o dia inteiro... e ele tinha que ficar na creche o dia inteiro... e assim foi, ele na creche o dia inteiro, ficando nervoso e eu sendo chamada para conversar com a diretora da creche... ela falava em diminuir a carga horária dele na creche mas eu tinha que trabalhar...

Quando ele saiu da creche foi para a EMEI e lá o horário era integral, porém até as 16h00... e, mesmo assim, ele estressou. Fugia da sala, não queria seguir as regras, queria fugir da escola, queria ficar no parquinho... até que fui chamada para tomar alguma providência junto com a escola. Ele acabou escolhendo uma outra classe e uma outra professora que notou algo diferente nele e que precisaria ser melhor observado. Nos encaminhou para o GAE gratuitamente e a escola reduziu o horário dele na EMEI para meio período. Lá ele fez um tratamento de meio ano e foi diagnosticado TDAH por uma profissional perita nisso que estava fazendo pós graduação no GAE.

Começamos o tratamento em outra clínica porque o GAE só atende gratuitamente quando há estagiários. Procurei a Psicologia do hospital onde trabalho e, graças ao relatório da psicóloga do GAE, não precisou de mais nada. Ele aguardou uma semana e já foi chamado. Tratamento de psicomotricidade e psicopedagogia duas vezes por semana. No hospital ele terá tratamento com psicoterapia.

Com a nova legislação da educação, a criança entra no 1.º ano com 6 anos. O Miguel não terminou o pré na EMEI e já foi direto para o 1º ano na escola estadual. No momento, ele não quer saber de aprender... quer saber de ler revistinha da turma da mônica, correr e pular. Não faz a lição de classe mas faz lição de casa e rápido. É esperto e inteligente mas ainda não está no momento. Gosta muito de estórias e tem uma memória incrível, memoriza músicas, tons, estórias... mas na escola o momento ainda não chegou.

Miguel é um menino grande para a idade. Ele tem 6 anos mas parece ter 8 anos. Inteligente, alegre, emotivo, sentimental, sensível... educado, amoroso, bonito e muito, muito bom, altruísta mesmo. Eu dei duas moedinhas de cinquenta centavos para ele comprar sorvete que vende dentro da escola e o sorvete custa um real. Pois o amiguinho dele só tinha cinquenta centavos... e ele deu a moeda dele, o amigo comprou o sorvete e ele ficou sem. Não chorou nem nada, ele disse "meu amigo não tinha e eu dei".

Voltei com ele por dentro do parque. Tentei a todo o custo deixar com que o Lucas e sua mãe fossem muito na frente, mas não teve jeito, em um dado momento nos encontramos. O Miguel disse oi para o Lucas e ele respondeu: não sou seu amigo, Miguel. Eu não quero falar com você. Você não faz lição, fica chorando, não quer aprender... não quero que você fale comigo! O peito do Miguel se estufou e ele passou a andar com os punhos fechados e pisando duro... mas nada respondeu. Pois o menino veio o caminho todo batendo nesta tecla. Ora, eu sei tudo o que ocorre com o Miguel, para isto existe a professora... meu meio de comunicação... e o Miguel parece que se esqueceu e novamente chamou o Lucas... aí eu disse ao Miguel que o Lucas não queria falar com ele, que não queria a amizade dele... falei alto para que todos ouvissem, inclusive a mãe do Lucas... Como fazer para explicar este tipo de coisa para um filho e principalmente uma criança??? Eu fiquei mais triste do que o próprio Miguel... uma menina que estava indo junto com a mãe do Lucas não se conteve, deve ter uns 7 ou 8 anos, e disse: Lucas, porque você não cuida de sua vida e deixa a vida do Miguel em paz? E se ele chora não tem problema, eu choro também!!

Inacreditável como uma mãe é incapaz de dizer algo para o filho que está acostumado a se exceder com os outros... a mãe dele nada disse e uma criança foi capaz de colocar o Lucas em seu devido lugar... ele finalmente parou de falar, se calou!!

Esta estória ainda não acabou, está só começando...

POR E MAIL DE CECÍLIA JUNKO

Tomara que hoje seja assim:


Que o dia amanheça bonito. Nem quente, nem frio.
Que a condução venha logo e, quando vier, que sobre um lugar pra você sentar.
Tomara que, dessa vez, o mês caiba no seu salário.
Tomara que o telefone toque com uma notícia feliz.
Tomara que a prova seja fácil.
Que o trânsito esteja livre.
Que o prato do dia seja o seu predileto.
Tomara que você reveja o seu melhor amigo.
Tomara que aquela música linda de doer toque dentro do elevador.
Tomara que alguém lembre de lhe dar os parabéns...
E que, assim, do nada, lhe tirem pra dançar.
Tomara que você ganhe um beijo.
Que ganhe um elogio.
E que seja sorteado.
Tomara que o sapato não aperte.
E que aquela velha calça lhe sirva outra vez.
Tomara que você tenha um acesso de riso, por causa de uma piada.
Tomara que os seus sonhos continuem grandes...
E que sejam muitos.
Mas...

que você tenha, todos os dias, um pouquinho de cada coisa.

Texto de Lena Gino

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