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COISAS DA VIDA

Querida Rita Lee, sempre achei que seu nome era um pseudônimo. Quem poderia ter sido registrada com um nome TÃO legal?? Sempre te achei lind...

quarta-feira, abril 06, 2011

MIGUEL

Quando meu filho mais novo nasceu, ele chorava muito... muito mesmo... e, como toda a mãe, eu achava que ele estava com fome. Ele mamava no peito e a gente sempre acha que o nosso leite é insuficiente, afinal, a gente não vê o leite saindo... um dia ele mamou o dia inteiro, e chorou o dia inteiro... quando o Marcos chegou, eu estava branca... não conseguia fazer nada direito em casa porque de minuto a minuto ele chorava... fiquei sem dormir direito durante três anos... descobri que o ser humano se adapta a tudo.

Ele começou a frequentar a creche de onde eu trabalho com quatro meses, não pude tirar férias. E ele chorava... chorava... chorava, ficava nervoso. Eu trabalhava o dia inteiro... e ele tinha que ficar na creche o dia inteiro... e assim foi, ele na creche o dia inteiro, ficando nervoso e eu sendo chamada para conversar com a diretora da creche... ela falava em diminuir a carga horária dele na creche mas eu tinha que trabalhar...

Quando ele saiu da creche foi para a EMEI e lá o horário era integral, porém até as 16h00... e, mesmo assim, ele estressou. Fugia da sala, não queria seguir as regras, queria fugir da escola, queria ficar no parquinho... até que fui chamada para tomar alguma providência junto com a escola. Ele acabou escolhendo uma outra classe e uma outra professora que notou algo diferente nele e que precisaria ser melhor observado. Nos encaminhou para o GAE gratuitamente e a escola reduziu o horário dele na EMEI para meio período. Lá ele fez um tratamento de meio ano e foi diagnosticado TDAH por uma profissional perita nisso que estava fazendo pós graduação no GAE.

Começamos o tratamento em outra clínica porque o GAE só atende gratuitamente quando há estagiários. Procurei a Psicologia do hospital onde trabalho e, graças ao relatório da psicóloga do GAE, não precisou de mais nada. Ele aguardou uma semana e já foi chamado. Tratamento de psicomotricidade e psicopedagogia duas vezes por semana. No hospital ele terá tratamento com psicoterapia.

Com a nova legislação da educação, a criança entra no 1.º ano com 6 anos. O Miguel não terminou o pré na EMEI e já foi direto para o 1º ano na escola estadual. No momento, ele não quer saber de aprender... quer saber de ler revistinha da turma da mônica, correr e pular. Não faz a lição de classe mas faz lição de casa e rápido. É esperto e inteligente mas ainda não está no momento. Gosta muito de estórias e tem uma memória incrível, memoriza músicas, tons, estórias... mas na escola o momento ainda não chegou.

Miguel é um menino grande para a idade. Ele tem 6 anos mas parece ter 8 anos. Inteligente, alegre, emotivo, sentimental, sensível... educado, amoroso, bonito e muito, muito bom, altruísta mesmo. Eu dei duas moedinhas de cinquenta centavos para ele comprar sorvete que vende dentro da escola e o sorvete custa um real. Pois o amiguinho dele só tinha cinquenta centavos... e ele deu a moeda dele, o amigo comprou o sorvete e ele ficou sem. Não chorou nem nada, ele disse "meu amigo não tinha e eu dei".

Voltei com ele por dentro do parque. Tentei a todo o custo deixar com que o Lucas e sua mãe fossem muito na frente, mas não teve jeito, em um dado momento nos encontramos. O Miguel disse oi para o Lucas e ele respondeu: não sou seu amigo, Miguel. Eu não quero falar com você. Você não faz lição, fica chorando, não quer aprender... não quero que você fale comigo! O peito do Miguel se estufou e ele passou a andar com os punhos fechados e pisando duro... mas nada respondeu. Pois o menino veio o caminho todo batendo nesta tecla. Ora, eu sei tudo o que ocorre com o Miguel, para isto existe a professora... meu meio de comunicação... e o Miguel parece que se esqueceu e novamente chamou o Lucas... aí eu disse ao Miguel que o Lucas não queria falar com ele, que não queria a amizade dele... falei alto para que todos ouvissem, inclusive a mãe do Lucas... Como fazer para explicar este tipo de coisa para um filho e principalmente uma criança??? Eu fiquei mais triste do que o próprio Miguel... uma menina que estava indo junto com a mãe do Lucas não se conteve, deve ter uns 7 ou 8 anos, e disse: Lucas, porque você não cuida de sua vida e deixa a vida do Miguel em paz? E se ele chora não tem problema, eu choro também!!

Inacreditável como uma mãe é incapaz de dizer algo para o filho que está acostumado a se exceder com os outros... a mãe dele nada disse e uma criança foi capaz de colocar o Lucas em seu devido lugar... ele finalmente parou de falar, se calou!!

Esta estória ainda não acabou, está só começando...

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