Eu e o Marcos temos, além dos outros três filhos que se chamam Gabriela, Daniel e Guilherme, um filho de 5 anos chamado Miguel. Desde que ele nasceu eu e o Marcos frequentamos reuniões para falar dele. De como ele é, de como ele se comporta, que ele não obedece, não responde, só faz o que ele quer... No começo a reunião era comigo, o Marcos e a diretora da creche, depois vieram as reuniões com a professora da escolinha... era aterrorizante ir às reuniões e sermos sempre os últimos a sair, ou ser a única mãe a ser chamada... ou ainda ser a única mãe a ficar depois da reunião para conversar com a professora e, de repente o ambiente ser povoado pela coordenadora, a diretora, a inspetora, os funcionários da secretaria, a moça da limpeza, a moça da cozinha, a escola inteira na sala de aula para falar comigo, e todos ao mesmo tempo... filme de terror!!!
Pois bem, no meio deste caminho muitos amigos e muita cobrança principalmente para levá-lo ao psicólogo. Então, finalmente marquei um psicólogo que demorou seis meses ou mais para chamá-lo... nesse meio tempo ele saiu da creche e foi para a escolinha e lá a professora e também psicóloga acabou por encaminhá-lo para um instituo de psicomotricidade onde ele está fazendo tratamento desde então... e no meio de tudo isto a pancadaria sempre foi farta... as pessoas do convívio dele sempre nos olharam feio como se nós facilitássemos para o Miguel, como se ele nos dominasse... aiai. A psicomotricista fez um relatório. A escola fez um relatório. A psicomotricista solicitou uma análise de um psiquiatra... e eu comecei a passar mal... medo total! Marquei a consulta com a psiquiatra e pedi a Deus que nos abençoasse...
E o grande dia chegou. Fomos os três parar dentro da sala da psiquiatra com óculos na ponta do nariz sempre observando e analisando T-U-D-O. Depois de muitas observações e análise, e mais duas alunas para ajudar na análise e na observação, a psiquiatra virou e nos disse: vocês estão de parabéns. Eu não acreditei. Fiquei com aquela cara de não entendi, e ela repetiu: parabéns, vocês estão educando o Miguel muito bem. Pela primeira vez em cinco anos alguém nos olhou e nos reconheceu. Me senti repentinamente leve!!! Voltei a respirar...
Hoje, reunião na escolinha, cheguei atrasada... e, como sempre a professora quis falar com algumas mães e, lógicamente, comigo... mas ela atendeu as mães e eu fui ficando, e fiquei até que eu fui perguntar se ela queria realmente falar comigo, poderia ter se enganado... e, para minha grande surpresa, ela queria me dar os parabéns também... muita emoção, cara, muita emoção... depois de muito esforço de nossa parte, da família, dos amigos, dos professores... mais um elogio!!! Eu sei que é só o começo, mas valeu a pena!!!
MISSÃO
Filho é missão. A gente engravida, ama desde o ínicio dentro da barriga, cuida daquele pedacinho de gente, sonha o melhor para vida dele, é nossa preocupação, motivo para rir e chorar pelo resto da vida... não posso dizer a sensação que eu tive ao entrar na sala fria da psiquiatra... foi, de tudo o que já enfrentei, o mais sério... a análise de uma profissional que pode diagnosticar algum problema, receitar algum remédio... eu sempre achei que ir ao dentista é o que me assustava mais, aquela cadeira, aquele motorzinho, aquele cheiro de... dentista, acabei descobrindo um medo muito maior em mim, o medo de que meu filho, eu e meu marido tivessemos uma análise desfavorável da psiquiatra... esse foi, sem dúvida, o maior medo que eu já enfrentei e a maior surpresa também porque a análise foi além de minhas espectativas... de repente, a sala fria da psiquiatra ficou aconchegante! Mas enfrentamos eu e o Marcos. Agora vamos continuar a nossa missão que é, entre outras três (nossos filhos de 19, 19 e 15 anos que também necessitam de cuidados), cuidar do pequeno Miguel.
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